Corpo Habitável

O livro do poeta belo-horizontino se debruça sobre as múltiplas possibilidades do corpo como imagem poética, principalmente como meio de digerir e dar sentido aos eventos emocionais que nos envolvem e, por isso, como presença que age, pensa e lembra. Esse corpo é uma unidade que responde a seu ambiente (“Meu corpo encontra ressonância”), mas essa unidade também constitui um corpo maior de interações diversas (“O corpo na cidade é como um átomo”) e ultrapassa esses limites em busca de sentido (“Olhos transpostos no espaço além dos olhos”). Cada uma de suas partes (“as mínimas vértebras”) são carregadas de estados de ânimo (“A mão que dorme sobre o ventre”) que ora se aproximam e compartilham o que se sente (“bocas que se tocam”), ora refletem sobre o afastamento que se faz visível (“braços trazem a distância”). É essa a morada em que habitamos e que, por sua vez, habita um mundo de estímulos tão diversos quanto complexos, mas que incorporamos à nossa maneira, nos chocando como os corpos que somos.